Olá, pessoal!
Hoje é sábado, não trabalhei, fui comer meu pain au chocolat no meu cantinho preferido de Copacabana, andei até o Leme, bairro que tem cheiro e memória de infância, e estou naquela dúvida se leio, escrevo, faço o trabalho do curso que estou fazendo ou se passo a noite fazendo ssssshhhhhh para a nova vizinha que acha que só porque ela toma vinho e ouve jazz, eu preciso compartilhar do barulho dela e dos amigos às 23:35...
(Minha vizinha pensa assim)
E o que essa introdução quer dizer? Nada! Resolvi que escrever no blog era o melhor a fazer, até porque estou com a insônia básica que algumas vezes tenho após o Zoladex. Sei lá se é, mas tudo que sinto nas duas semanas seguintes, ponho a culpa nele. Até a vontade enlouquecida de comer Nutella é culpa do Zola (não é o Émile...). E vambora escrever (e fazer sssshhhhhh! No momento ela passou do jazz para Alanis Morissette - uau super cult - uau2 - Alanis foi na numeróloga? Para que tanta letra repetida, senhor?). Volta.
Ando pensando muito em morte ultimamente. Não que eu esteja com ideias suicidas, mas porque estava fazendo uma limpa no meu FB e vi quantas meninas tiveram câncer e morreram desde que comecei o tratamento. E, cara dá um frio na espinha pensar que aos 38 você conviveu com tanta gente que já morreu. Isso era para acontecer lá pelos 80 hoje em dia, "carai"... Aos quase 40? Ui...
E aí tive um papo com um carinha e percebi como ter passado pelo o que eu passei (e passo) me fez ser diferente. E como isso de certa forma impactou na minha vida como um todo. Se foi para pior ou melhor, ainda não concluí, mas vi que não sou mais a mesma.
Mimimi de fulano não me ligou? Não me convidaram para a festinha? Todos viajam 10x ao ano para Europa/Polinésia/Dubai e eu não fui mais nem para Paquetá? Meu carro vai fazer 4 anos e o pneu está quase careca e o limpador de parabrisa "deu ruim"? Isso realmente não me estressa mais. Ciúme por exemplo, foi um sentimento que foi abolido do meu cardápio de sensações. Foi o câncer? Não. Ele não merece esses louros todos. Mas acho que foi sim, a percepção de que a finitude existe. E ter tido essa clareza aos 33 foi libertador, por pior que tenha sido o susto.
Já escrevi aqui antes e desculpem se pareço repetitiva, não fiquei louca de ser grata por ter ficado doente. Nunca. Continuo com medo de ter metástase até quando a unha encrava. Todo dia acho que essa tosse/falta de ar é "aaai, pegou o pulmão", mas eu realmente acho que ter tido a chance de nunca mais me preocupar com babaquices aos quase 40 foi algo legal que pude tirar dessa bagaça toda.
O medo de morrer ainda aparece. E engraçado, mais ainda quando tem turbulência no avião. Vai ver sempre tive uns medos doidos, e só agora, estou deixando-os aflorar. Ótimo. Quando a gente sabe o que nos amedronta, sabe como encarar. E o câncer até nisso me ajudou. Mas, agradecer, aí não... Fiquei com menos mimimi, mas não maluca. Ou fiquei? :p
Beijos em todas! Bom domingo. O meu promete. Porque a festinha está animada. E isso é só o começo... Estão discutindo E o Vento Levou ao som de Los Hermanos... A vida sempre pode piorar, viram? rs
P.S. e até o final deste post eles passaram a fazer mais do mesmo: Ouvindo " Love me, love me, say that you love me..." E discutindo Game of Thrones. É, o lado cult ficou na 2a taça de vinho... Até o fim da noite estarão discutindo o final da novela e ouvindo Anitta (ou Ludmilla... É HOJE!).
P.S2. E enquanto eu dava aquela relida por alto no post, a vizinha de outro andar interfonou e colocou ordem na casa. Isso aqui é Copacabana, pô! Não é bagunça! (Apesar de dizerem o contrário... Vide Reveillon, Shows, Maratonas, Aneis Olímpicos, mas não aqui no Bairro Peixoto! Aqui é respeito. Ou não...)