quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Passando para dar notícias...

     Olá, meninas!

     Tudo bem? Ando sumida, né? Nossa, nunca tinha ficado tanto tempo sem escrever por aqui. Mas veio carnaval, viajei e acabou vindo uma depressão. Alguns momentos de muita ansiedade e outros momentos de falta de vontade de fazer até as menores coisas. Mas, estou lutando contra isso. Vocês podem ter certeza que vai ser passageiro e logo, logo estou de volta, com a corda toda.


     Estar escrevendo aqui já é um sinal de mudança. Estava sem a menor vontade de fazer até isso. Engraçado como as coisas aparecem, né? Quando já estou quase no final do tratamento (para quem começou em janeiro de 2011 com essa luta, 4 meses de Herceptin - não vou levar em consideração o tamoxifeno/afins - parecem nada), que acho que me dei conta de tudo pelo o que eu passei. Vi como fui forte, quando, sinceramente (?), acho que nem precisava ter sido tanto. Vi que quis manter minha vida o mais próximo do normal possível, mesmo que muitas vezes isso tenha ido contra a minha própria saúde - vide as passadas pela emergência, a "desmaiada" no mexicano... Não que eu seja contra lutar de frente contra o câncer, encará-lo de cima, mas quando for para parar, puxar o freio de mão, é necessário saber parar, saber freiar.


     E, acho que agora que estou aprendendo isso. Por mais estranho que possa parecer, agora que estou me permitindo aprender (e apreender!) os ensinamentos reais que a doença me deu. Que cresci muito enquanto pessoa, sei que cresci. Mas, acho que é agora, com a vida voltando aos eixos, que a gente vai vendo o que realmente ficou, qual a lição que tiramos de tudo que a vida nos trouxe. Quando a gente está no meio de uma onda, levando aqueeeeele caldo, a gente só pensa em se salvar e voltar para a superfície, só quer descobrir para que lado é o céu... Depois que a a gente volta para a areia é que vê o que nos restou. Acho que é bem essa sensação no momento. Estou saindo da onda, voltando para a praia, arrumando o biquino, ajeitando o cabelo para recomeçar e aproveitar o mate gelado com biscoito Globo que a vida vai me trazer. E não, eu NÃO vou morrer na praia!

     Beijos em todas!

P.S. Momento atualização-médica. Semana que vem vou ao oncologista ver o que ficou decidido. Sei que farei o Zoladex, mas ainda vamos avaliar se farei o tamoxifeno ou o anastrozol. E esse mês é só exame. 6 meses se passaram desde que acabei a quimio. Que tudo esteja bem! (e que esse sangramento maldito pare!)

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Sangue, suor e lágrimas

     Olá, meninas!

     Tudo bem? Ainda tô naquela fase montanha-russa, e hoje ela está desceeeeeeendo... Sim, tô down! Sei que já escrevi sobre isso, que já falei que vai passar, mas, não sei porque dessa vez não está passando tão rápido assim...
     Não que eu esteja passando meus dias na cama, me acabando em lágrimas. Na verdade, chorar, daquele choro de verdade, de soluçar, nem tenho chorado... Tenho sentido mais uma tristeza interna, um desânimo... Muitas vezes, a vontade é só de não fazer nada, de nem sair de casa. Mas, como sou tinhosa (desencavei de novo!), eu vou e faço. Na medida do possível e do que meu corpo aguenta e permite. Sim, antes eu ia além desse limite. Agora, depois de alguns sustinhos, eu respeito. Mas, acho que isso tem contribuído para meu desânimo. 

     
     Sempre consegui fazer tudo (ou quase tudo!) que planejei. E sozinha. Me orgulhava de ser independente. Forte nunca me considerei. As pessoas ao meu redor falam que estão impressionadas com minha força e com a forma como estou encarando isso tudo. Nem acho que eu esteja sendo nada demais, de verdade. Não tinha outra opção. Era lutar ou lutar. Era enfrentar ou enfrentar. Acho que qualquer outra pessoa agiria exatamente assim. Ou não. Não sei. Antes disso tudo, nem eu saberia como reagir a uma barra como essa. E tem sido assim. Essa tem sido a minha forma. Não sei se é a melhor, ou a pior, mas é a minha.

     Mas, ao mesmo tempo em que tenho respeitado os limites do meu corpo, me cobro (simmm, ainda me cobro, me culpo...) por não estar podendo fazer tudo o que quero (e que esperam de mim). Poxa, já tem um ano que isso tudo começou, eu já acabei a quimio, estou na fase de usar o Herceptin, tamoxifeno, etc... Mas, o corpo ainda não está no seu estado normal. Ainda estou anêmica, meus leucócitos ainda estão baixos... Achando pouco, tive que suspender o tamoxifeno, meus hormônios enlouqueceram, meu útero resolveu recuperar o tempo perdido, e estou sangrando para compensar os meses em que fiquei "parada". Pronto, daí vem o sangue do título.

     E vamos finalmente ao suor: tá calor "bra @#%*#!" Acho que isso, somado ao fato de eu estar "hemorrágica", anêmica e pela ação cardiotóxica do Herceptin, tem me feito ficar meeeega cansada. 


     Bem, meninas. Essa parte acima eu escrevi ontem. E hoje já estou mais animadinha. Fiz o Herceptin ontem, e estou tranquila. Meu útero resolveu se comportar um pouco melhor, minha enxaqueca deu uma acalmada, enfim, a vida vai voltando ao normal e acredito que amanhã já consiga dirigir sozinha atéééé Manguinhos. Ufa! Aproveito para escrever sobre isso. Sim, estou prolixa. 

     Aprendi muitas coisas com o câncer. Muitas mesmo. Aprendi, inclusive a separar o joio do trigo. Descobri quem realmente é meu amigo. Vi que família é a base de tudo. Mesmo. Mas, preciso urgentemente aprender uma coisa: não posso me cobrar tanto em relação ao trabalho. Isso eu ainda não aprendi. Alguém tem alguma dica de como fazer isso? Ah, e preciso mais urgentemente ainda conseguir abstrair certos comentários maldosos. Se alguém souber como... Cartas para a produção. rsrsrs

     Mil beijos! 
     P.S. Música triste, mas linda.


    



    

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Labilidade emocional... Ou em como meu humor virou uma montanha-russa!

     Olá, meninas!

     Tudo bem? Comigo está. Ou não, ou não sei. Sei que tudo nessa vida é passageiro (menos o maquinista...blablabla!), só que de uns meses para cá, meu humor tem mudado mais que ministro da Dilma. Peluamor!

     Não sei se é culpa da quimio (ainda fazendo efeito!), do tamoxifeno (suspenso há quase um mês), dessa oscilação hormonal (o tamoxifeno foi suspenso exatamente por ter estimulado meus ovários-loucos, e com isso meu estradiol foi para a casa do chapéu! - desencavei essa, hein?), se do estresse todo, ou se eu estou ficando maluca mesmo...


     E meu humor se encontra assim: tem dias que acordo feliz, faço mil planos e consigo resolver mil coisas... Tem dias que acordo mega deprê, e fazer qualquer coisa se torna o maior dos sacrifícios. Me sinto Hércules tendo que fazer os 12 trabalhos ao mesmo tempo. Ao mesmo tempo e agora.

        
     Sempre fui manteiga, mas agora acho que, para não negar minhas origens, virei manteiga de garrafa. Nada de fria e dura. Nunca! Choro com o Faustão (aí pode ser de desespero, né?), choro com Luciano Huck entregando casa, comida e roupa lavada (e lucrando alguns milhões a mais com isso: ele dá uma casa, faz anúncio de loja de móveis à material de construção, ele visita uma comunidade, faz anúncio de banco à loja de tinta, e, para não perder a viagem, ainda fala de uma lojinha de eletrodoméstico, de vitamina e de produtos para cabelo... Ai, como eu podia ajudar ao próximo assim, também!)... Acho que daqui a pouco estou chorando até com eliminação do BBB! (Tá, concordo, esse é o auge do desespero, é o fim dos tempos, certeza de que os maias estavam certos, né?!). Só perde para chorar pela Val "Hello", no Mulheres Ricas... Nesse caso, há indicação formal de ajuda profissional e controle medicamentoso!


     Opa, mas aí que vem a montanha-russa emocional e como diz o grande filósofo "Shampoo da Johnson´s": CHEGA DE LÁGRIMAS! E lá (ou cá!) estou eu rindo. "Dotô", será que tem cura para isso? Ou... "o mal é da idade dessa tal minina, num há um só remédio, em toda a medicina..."

     Bem, por enquanto é o que temos para hoje... Espero que isso passe logo e eu volte a sorrir! E assim permaneça. Se muito riso é sinal de pouco siso, que eu fique sem nenhum... :)
    
     E tome de música! Mil beijos e um ótimo fim de semana!


    

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Ah...Sei lá!

     Olá, meninas!

     Hoje estou meio sem ideias, mas resolvi que ia sair escrevendo... Assim sobre o nada, sobre o que me viesse à telha, sobre os últimos acontecimentos, sobre minhas novas ansiedades, meus antigos medos... Ah, sei lá!

     Não sei se vocês todas sabem, mas voltei a trabalhar. Ainda não naquele esquema maluco de 5 empregos, ainda não atendendo pacientes (pois meus leucócitos ainda não "arribaram"), mas está sendo bom voltar aos poucos. Vou dizer que adoooooro acordar com o despertador? Mentira, né? Mas é bom voltar a ter horários que não sejam só de consultas e exames... É bom pensar em outras coisas, é bom conhecer gente nova e tem sido muito bom trabalhar num lugar tão legal e com pessoas tão queridas. 
     E aí eu vi que dia era hoje: dia 6 de fevereiro. Daqui a dois dias fará 1 ano que operei. Não me lembro muito bem, mas provavelmente no dia 6 de fevereiro de 2011, eu estava no auge da ansiedade, morrendo de medo de ser submetida à minha primeira cirurgia, minha primeira internação e ainda por cima, tentando digerir a notícia recente de ser a portadora de  um câncer de mama. Ai!! E ainda vinha o medo de morrer, de perder um seio, da doença ter se espalhado, de eu não aguentar a quimioterapia...etc, etc. Medo? Era tudo o que eu sentia. Ansiedade? Mais ainda. E claro, uma sensação de que aquelas sensações seriam eternas. 
     Massss... Aí veio a cirurgia, onde correu tudo bem, vieram os médicos que sempre foram maravilhosos (já falei da minha mastologista? rs Acho que já, né? Enfim, ela merece ser sempre citada! Melhor médica do universo!), veio a quimio (tá, nem foi mole, mas sobrevivi!), e tudo aconteceu e passou. Foi rápido? Nem eu sei dizer, olhando agora, parece que tudo aconteceu ontem... E prefiro permanecer com essa sensação. De que tudo passou como o "meteoro da paixão", e como eu espero que seja o sucesso do "Ai, se eu te pego" -> rápidos. ( Ai, como estou sertaneja!)

     E por que saí escrevendo sobre isso? Sei lá... Mas espero que sirva de alento para quem está no começo dessa bagunça toda. Porque quando eu comecei, achei que não ia ter fim. Que ia durar para sempre, que ia ser "infinito, enquanto dure"... E não foi. Passou. Está passando na verdade. Mas a vida aos poucos volta aos trilhos. E dessa vez os trilhos me levam para uma vista linda. Um céu azul, uma praia com coqueiros, uma água verde e pessoas que eu amo ao meu redor. Que essa vista chegue logo para todas nós! Mil beijos! Ah, e faço das palavras da Grande Rio as minhas:

P.S. Eu sei, deveria colocar uma música sertaneja para ter a ver com o momento-chapéu-fivelão-bota, mass... Não dá, né? Então, como sou carioca, aí vai o samba-enredo da Grande Rio, que esse ano fala de Superação. Ano passado os barracões da Grande Rio, da Portela e da União da Ilha pegaram fogo. Em poucos dias eles tiveram que reorganizar um carnaval. E assim fizeram e foram para avenida! E que assim seja nossa vida. Que a gente coloque o bloco na rua! :)
P.S.² Sou Mangueira, tá? Mas adoro e admiro a força de todas as escolas...


quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Pequenas grandes felicidades

     Oie, meninas!

     Cá estou eu de novo para contar as últimas novidades. E elas são boas!
     Semana passada comecei a trabalhar. Ainda não é com pacientes, ainda não é atendendo, mas é num lugar maravilhoso, com pessoas maravilhosas e isso tem me feito muito bem. Claro que não foi fácil assim recomeçar. Deu medo. Acho que ao mesmo tempo em que me vi uma mulher forte nessa luta toda, às vezes me percebo medrosa. Mas, encarei. Superei meus medos. E tem valido a pena.


     Bem, essa era a 1a novidade maravilhosa. A volta total deve acontecer quando meus leucócitos se normalizarem. Aí volto para o outro lado da mesa. Mudo de lado da maca de novo. Mas, nunca mais serei a mesma médica. Agora entendo muito mais o que os pacientes sentem. Percebo ainda mais seus anseios. Sei como é bom e importante poder contar com um médico disponível e solícito. E serei cada vez mais assim. Mas, voltando às novidades maravilhosas, minha ultrassonografia melhorou muuuuuuuuuuuito! Mas, muuuuuuuuuito mesmo! Meus ovários se "aquietaram", com a suspensão do tamoxifeno. Agora é aguardar mais uns dias, fazer outra usg e esperar o que vai ser feito. Como confio plenamente nos meus médicos, tô tranquila.


     E foi hoje, no meio de um engarrafamento dos infiiiiiierrrnos, que eu refleti sobre as pequenas grandes coisas que eu tenho percebido melhor agora e que me fazem muuuuuito feliz. E você, quais as pequenas coisas que te deixam enormemente feliz? (Não está por ordem de importância!)

1- Pegar todos os sinais verdes. As ruas estarem vazias.
2- Barulho de chuva.
3- Lavar o cabelo e já ter cabelo suficiente para fazer espuma e poder entrelaçar os dedos entre eles.
4- Pedir comida em casa e ela chegar mais rápido do que você imaginava.
5- Estar "apertada" e o elevador estar no térreo.
6- Pegar um engarrafamento na Lagoa e ver as nuvens se abrindo e tchanan, lá está Ele, o Cristo.
7- Receber um SMS do namorido no trabalho, logo de manhã.
8- Abrir a bolsa e achar um chocolate perdido.
9- Por falar em achar. Achar dinheiro em bolso de calça. Sem nem imaginar que ele estava lá.
10- Abrir a porta de casa e ter um cachorro lindo, balançando o rabo só por te ver.
11- Chegar em casa e ter aquela comida que você estava querendo há dias.
12- Conseguir comprar a passagem promocional da Gol por R$50,00 e ir passar o carnaval com os primos e primas mais amados e queridos.
13- Cheiro de sabão em pó.
14- Uma toalha beeem felpuda e cheirosa. Banho quente no frio e gelado no calor.
15- Não era para ser raro, mas é: alguém te dar a passagem no trânsito. Sem você ter se jogado!
16- Tocar aqueeeela música feliz, que estava na cabeça e você queria tanto lembrar o nome.
17- Receber boas notícias de amigas muito especiais quando você menos espera.
18- Receber SMS ou ligação de uma amiga querida que há muito você não falava.
19- Gol do seu time. De virada. E no finalzinho do jogo.
20- Já escrevi isso antes, mas só quem passa sabe a sensação que dá receber isso: exames normais/sem alterações e/ou todas as sinonímias usadas para dizer que você está bem.

     E a sua lista? Como é?

     Mil beijos!

P.S. E segue uma música que ouvi ontem no meio do engarrafamento. Zeca Pagodinho. É animado, faz bem...