quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

Respeitando a vontade dos outros... Fim da vida, paliação e afins...

     Olá, meninas!

     Como foram de Natal? O meu foi o de sempre: comi, comi, comi... Assisti à missa e trabalhei...
Nem reclamo de trabalhar no Natal, sempre soube que isso poderia acontecer ao escolher ser médica. Ninguém me enganou falando o contrário... Então, encaro como uma chance de levar carinho e atenção aos pacientes que estão internados neste dia.

     Para variar venho para o blog escrever meio sem tema. Parece sessão de terapia, aonde o psicólogo falava para vir de mente vazia, aberta e deixar fluir. Faço isso aqui, as palavras vão saindo e vou deixando rolar. Às vezes até sai um texto interessante...

     Natal é sempre aquela época aonde paramos para refletir, repensar a vida e analisar o que realmente importa para a gente. Neste ano, Deus (ou no que quer que você acredite...) parece ter me dado mais um sinal de que devo aproveitar e focar no que realmente importa na vida. Venho atendendo muitos pacientes oncológicos. Claro que ter passado pelo que passei ajuda e muito a entendê-los, mas a sensação que tenho é que ainda estamos longe de saber lidar com pacientes que não têm mais chance de cura, mas ainda têm muito o que viver.

     Ontem vi o atendimento de uma paciente da mesma idade que eu, com ca de mama metastático e uma agonia infinita por parte dela e da família. E aí? O que fazer? Não tive nem tempo de conversar com ela e lá estava ela sendo transferida para o CTI. Poxa, será que isso era o melhor para ela? Ou foi o melhor para a equipe? Até onde vai a nossa agonia e o mais certo a ser feito pelo bem estar do paciente e do seu familiar?

     Sei que são muitas perguntas que vão além apenas do conhecimento técnico da medicina. Envolve crenças, experiências prévias por parte de cada um, a relação com o paciente e seu familiar... Mas tenho certeza que podemos ser melhores. Precisamos fazer uma medicina diferente. Dar amor, respeitar, dar qualidade de vida. E nesse blablabla todo, resolvi que a meta para 2015 é ser uma médica mais completa e melhor. Inscrição do curso de cuidados paliativos já está feita. :)


     E espero ainda voltar aqui ainda esse ano para traçar novas metas para um 2015 mais pleno e feliz.

     E vamos ao que importa... Você que é paciente (oncológico ou não), como você gostaria de ser tratado (a)? Quer ser mais ouvido? Dar mais chance para sua família ser ouvida? Vamos fazer um mundo melhor, nem que seja num começando num quarto de hospital...:)

     Muitos beijos e um Feliz restinho de Natal...

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

O tempo passa... O tempo voa...

     Olá, meninas!

     Voltei antes do que imaginavam, né? Prometi que quando tivesse alguma ideia e sendo possível, eu escreveria rapidamente aqui... Hoje a ideia veio, e estava em casa... Logo, vamos ver no que vai dar...:)

     Nem sou muito de fazer rascunho quando escrevo. Vou deixando as palavras aparecerem, digito (cato milho, vá lá...) e no final dou uma revisada e publico. O que vem do coração sai mais leve. E se posso dar uma dica para quem está no meio do furacão do diagnóstico/tratamento de um câncer, vai essa: escreva. Ajuda muito. No meu caso posso dizer que foi parte importantíssima para eu manter minha saúde mental quase em dia... (Normal, normalzinha eu nunca fui mesmo... rs)

     Mas vamos ao que interessa: o texto de hoje. 

     Essa semana rolou comemoração de fim de ano com o pessoal do trabalho. Tá, e daí? Todo mundo neste mundo de meu Deus deve ter participado de ao menos uma festcheeenha de fim de ano, mesmo achando que Cristo era só mais um cara cabeludo, gente fina e do bem... No meu caso esse momento serviu para muito mais do que ter certeza de que trabalho com pessoas mais do que especiais... Serviu para fazer um flashback do que aconteceu de 2010 para cá...

     Há 4 anos atrás, nos idos de 2010, a Copa tinha sido na África do Sul, eu tinha acabado de me matar no mestrado, mudado de rumo no que diz respeito à vida sentimental, entrado em 2 empregos diferentes e perdido um dos maiores amores da minha vida: o Toddy, meu labrador chocolate mais lindo do planeta... 2010 tinha sido tão sinistro que esperava um 2011 mais tranquilo, com esperança de que a calmaria estaria chegando... Ha ha ha


     E 2011 chegou. Num réveillon em Mauá, sem um barulho de fogos, cachoeira e muito ar puro. Pronto, era o prenúncio da paz que reinaria. Tolinha de novo: 24 de janeiro e vem a cartinha mais temida que, resumidamente, dizia: F... Você está com câncer. Morri, ressuscitei e fui à luta. Mastectomia, quimioterapia, ficar careca, vomitar a alma, mais cirurgias, parar de trabalhar totalmente por 2 anos, mais medicações injetáveis, mil consultas, três mil exames, medo, muito medo e mais vontade ainda de viver e ser feliz.

     Mas e por que essas recordações assim e no meio de uma festa de trabalho? 


     Porque essas pessoas que estavam ao meu lado nem devem saber, mas elas que abriram os braços e me acolheram no meu retorno. Retorno ao trabalho, retorno ao "mudar novamente de lado na maca", retorno à vida... E elas me receberam tão bem, que já faz quase 2 anos que este retorno aconteceu, mas ainda hoje eu agradeço muito por saber que posso contar com elas. Mesmo que elas não tenham noção disso, elas são minhas anjinhas da guarda. E eu jamais esquecerei dos sorrisos, das gargalhadas e do apoio incondicional que elas me dão todo dia, o dia todo. 

     E que 2015 passe logo... E 2016 chegue rápido... E 5 anos terão se passado... :) 

     ..." Para todo mal, a CURAAAAA..."  ou ..." há cura..." (a critério do freguês)

     Mil beijos!

     

segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

A hora é agora...

     Olá! Tudo bem??

     Nossa, se eu chamava o que acontecia antes de sumiço... O que aconteceu agora foi desaparecimento total mesmo, devo ter ido para Marte com o Curiosity, sumi com a água de SP ou com a vergonha na cara dos políticos...

     Se por um lado esse meu sumiço é ótimo sinal: meus exames estão todos normais... Por outro é sinal de que a vida voltou a ser exatamente como era antes do câncer: trabalho, muito trabalho... E isso pode não ser tão bom assim...

     Relendo meus posts prévios, vi que eu ia mudar mil coisas na vida e de verdade? Mudei mais minha forma de pensar do que a de agir... Continuo me dedicando demais ao trabalho, confiando em quem não merece tanto, abrindo mão de muitas coisas e ainda dizendo muito "SIM", quando na verdade o que eu mais queria era dizer um sonoro "NÃO"... 



     Mas, como na vida não podemos ser estáticos e sabemos de antemão que sempre iremos errar, o que precisamos fazer é reconhecer que erramos e mudar, aprender, evoluir... Não pode saber que está errado e continuar batendo cabeça...

     E, em 8 de dezembro de 2014, dia de Nossa Senhora da Conceição, comecei com minha primeira mudança: o agora é o que importa. Baseado num livro que estou lendo, o amanhã eu deixo para depois. O hoje é o que eu tenho de certo. E ele vai ser o melhor possível. E que a cada minuto, hora, dia, mês, eu tenha aproveitado cada momento. 

A hora é agora, o momento é já: