quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Se chorei ou se sofri...

     Olá, meninas!!!

     Tudo bem?? Comigo tudo caminhando. Acho que essa época do ano me deixa mais tristonha mesmo, mas vai passar.

     Esse ano foi o ano da mudança. Muitas coisas aconteceram, muitas transformações, reconhecimento, decepções, alegrias... Nem sei bem o que quero escrever hoje, mas vou sair colocando aqui... Como no Reveillon não pretendo mexer muito em computador, esse texto meio que fica como uma retrospectiva 2013, o ano da virada. 

     Começou tudo bem, achando que a vida ia mudar. Ia mudar de cidade, largar o Rio para trás. De repente, num telefonema tudo mudou. Não ia mais sair do Rio, não estava mais com aquela pessoa. Levei um susto, mas vida que segue. Da tristeza juntei forças e foquei no trabalho. 

     
     Voltei a trabalhar antes do que imaginava. Continuei na cidade que tanto amo. Conheci pessoas mais do que especiais. Voltei a ser médica. Voltei a estar do outro lado da maca, mas sem nunca esquecer o que passei. Não vou dizer que agradeço ter tido câncer, mas se ele me trouxe algo de bom, foi descobrir o prazer de escrever, me permitir ter um novo olhar sobre a vida (e a medicina) e  ter conhecido certas amigas que ficarão para sempre. 

     Aproveito esse texto para agradecer muito aos meus novos amigos de vida e de trabalho. Gostaria muito de agradecer à Debora, ao Luiz Eduardo e ao Severo por terem me dado a chance de recomeçar na medicina. Dois anos parada e com medo de levar tanta picada/furada/remédio tinham me deixado meio sem saber como lidar novamente com os pacientes, como mudar de lado de novo. Com a paciência e o carinho deles, voltei. Aos trancos e barrancos, mas voltei. Quero muuuuito agradecer também às minhas amigas enfermeiras que têm tanta paciência comigo e sempre me dão palavras de apoio no momento de chororô (ordem alfabética para ninguém ter ciúme né, Livia? rs): Audrey, Jessica Lima, Jessica Lopes, Juliana, Livia... Vocês nem imaginam como ter vocês por perto me faz bem. Entendi na pele o porquê de vocês terem escolhido a profissão do CUIDAR. Ninguém como vocês para cuidar tão bem de alguém. Só uma coisa a dizer a cada um de vocês citados: se ferraram, vou perturbar vocês pelo resto da minha vida. Lu, te adoro, disso vc já sabe. Amiga para a vida de inteira, dessas de infância e que ficam para sempre. 

     Ahá, e se vocês acham que a vida é feita só de trabalho... Nananinanão. Acho que esse ano teremos novidades no campo do amor (agora falei que nem astrológa!!!). Bom reencontrar pessoas que nos fazem/fizeram bem, mas que sabe-se lá porquê a vida separou. Bom reencontrar essa pessoa e ter maturidade para perceber o bem que ela me faz. E vamos ver no que dá. Mas como diz a filósofa Anitta (Ou escreve que nem o vermífugo?): "olha, você me faz tão bem... só de olhar teus olhos, BABE (quem chama alguém de baby, nesse meu Brasil varonil, MEODEOS?), eu fico zen..."


     E é isso... Começou uma meleca, terminou bem. Reconstruí o mamilo. E acho que essa fase cirúrgica acabou. Vida que recomeça, e sem trocadilhos, se reconstrói. E vamos ser felizes. Que venha 2014... #imaginanacopa #2014chegou... Aeeeeeeeeeeeeeee!

    Beijooossss!

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Medo

     Olá, meninas!
     Tudo bem? Comigo tudo tranquilo. Meio cansada de tanto trabalhar, mas sempre que começo a reclamar, penso no que já passei e volto a agradecer por estar viva.

     E por falar em estar viva, esses dias atendi um paciente grave e percebi como a proximidade da morte incomoda a todos. Não vou falar que morrer seja legal, que perder um ente querido seja a coisa que a gente espera, mas acho que precisamos aprender a lidar com a morte e com a possibilidade dela de uma forma mais tranquila. Percebi que as pessoas se afastam de quem está doente, não por maldade ou insensibilidade, mas por não saber como agir...

     Aí me dei conta de porquê muitas pessoas se afastaram de mim quando eu estava doente. Não foi por maldade, não foi por serem ruins ou não estarem nem aí para mim, mas porque na maior parte das vezes, as pessoas simplesmente têm medo de não terem o que dizer, não saberem se expressar, têm medo de encarar a morte do outro e isso lembrá-las de que ninguém está livre disso. Se temos uma certeza na vida, é essa: sim, vamos morrer. De verdade. Não sabemos quando, nem como, mas... Vai acontecer com todos. Não temos que nos afastar de quem está doente. A morte muitas vezes vem do nada, e ninguém mesmo sabe quando vai ser. Não sabe o que dizer? Fica junto. Não sabe como agir, dã a mão. O toque, o olhar funciona mais que mil palavras na maior parte das vezes.

     Dê amor. Funciona sempre.

     Beijos em todas!

     

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Porque um dia você vai mudar de lado...

       Olá, meninas!

     Para variar, um título meio bizarro. Mas vou explicar logo: saí do lado "paciente" e fui para o lado "acompanhante". E sim, ele pode ser tão cansativo quanto. 

     Minha mãe passou mal esses dias. Nada de emocionante, mas mãe é mãe, vocês sabem. Ela teve uma dor de cabeça e como boa cabeça-dura que é, foi sozinha ao hospital. Começa aí o "outro lado".

     Quando é você quem está doente, você não tem muito o que fazer a não ser enfrentar o tratamento. Não tem muita opção: ou é isso ou morrer. E a não ser naqueles dias de "deprê master blaster plus", a opção MORRER está sempre fora de cogitação. O jeito então é encarar o tratamento que for e seguir em frente. Nunca me considerei a guerreira por isso. Na verdade, não tinha outra opção. Não fui heroína. Qualquer um no meu lugar faria isso. Alguns com mais bom humor, outros com menos, mas todos encaramos cirurgias, quimio, efeitos colaterais e afins. Massss, vamos voltar ao lado "acompanhante"!



     Como é difícil ter medo do que pode acontecer com quem a gente ama, né??? Nossa, acho que nesse momento tive um pensamento mega egoísta do tipo: "ufa, ainda bem que fui eu que fiquei doente!" Ficar do outro lado esperando resultado de exames, tendo que aguardar em salas de espera por notícias, conversar com médicos (nessa hora esqueço os anos de faculdade e trabalho!) e pensar em quais decisões tomar é beeem mais difícil do que ficar doente e receber o tratamento. Na boa. E nessa eu aprendi mais uma coisa: entender o que quem me ama, passou... Deve ter sido difícil para caramba! E mais uma vez aprendi uma lição: temos que tentar nos colocar no lugar do outro SEMPRE. Só assim podemos agir melhor e entender o sentimento (e atitudes) alheio. E facilita para todo mundo. Sei que isso tem um nome em psicologia, mas tô com preguicinha de dar uma "googlada". Foi mal, tá?

     Mas como tudo tem uma parte engraçada. Vamos a parte "sala de espera". Hoje era o dia da ressonância de revisão. Acabou que o lugar onde tinha horário mais perto, era exatamente aonde fiz minhas ressonâncias. Trauminha... Barulho bizarro, lembranças ruins dos dias logo após o diagnóstico. Minha mãe entrou e eu vagando nas minhas lembranças... Até que... Criancinha começa a gritar. Beleza, super entendo. Se eu, adulta, quando me via perto de entrar naquele túnel sem graça, me via com vontade de gritar, que dirá uma criança. Perdoei e compreendi. Apesar de achar que aquela mamãe fofa podia tentar dar uma educada no seu pimpolho. Mas vá lá. Nada que atrapalhasse minha leitura da Claudia de 1967 e da Veja de 1978. Aí sim, você vê que nada está tão ruim que não possa piorar. Sala lotada, tiozão de óculos escuro se achando, senhora reclamando que o exame DELA está atrasado, mocinha estilo periguete senta ao meu lado. Perfume de 5a (6a, sábado E domingo). Mas isso não era o suficiente para tornar aquela experiência revolucionária. Ela pega uma balinha e tasca na boca. Impressionante os sons que uma simples boca é capaz de fazer. Escrevi um post no Facebook e deixei bem visível para que ela lesse. Deve ter lido, porque mudou de cadeira, massssssss.. PEGOU OUTRA BALA e fez ainda mais barulho. Só uma coisa a dizer: saudades do toin, toin, pioonn, pionnn, ta, ta, ta... da ressonância. Ah e quero uma máquina que nem essa da foto!



     Muitos beijos e, por favor, me digam que não sou chata! :) Mas que vocês também detestam barulho de "boca"...