sábado, 24 de março de 2012

Desculpe, mas eu vou choCar...

     Olá, meninas!

     Tudo bem? Comigo tudo tranquilo. De verdade. Fiz a ultra da mama que restou e ela está se comportando muuuuito bem. Ai, meu peito direito... Estou tão orgulhosa de você! Você está se comportando tão bonitinho... Jamais, nunca, em tempo algum você pense em imitar o seu irmão esquerdo, ouviu bem? Continue assim, e você vai comigo para sempre. Bobeia, que você vai parar numa parafina como o seu irmãozinho assassino.

ATENÇÃO: o post de hoje é chato, mala, um saco... Vai abordar um assunto pior ainda. Mas precisava falar sobre isso... Prometo que o próximo vai ser mais divertido.

     Bem, depois desse breve papo com meu seio direito (e desse alerta), vou ao que interessa. O assunto de hoje não é legal, nem engraçado, muito menos divertido, mas acontecerá a 100% de nós. Sim, TODOS nós iremos passar por isso. Mais cedo ou mais tarde, novas ou velhas, de repente ou aos poucos... Ninguém, absolutamente ninguém sabe como será, mas só temos essa certeza na vida... Vocês já devem estar imaginando sobre o que estou falando, mas, é, beeem, isso é tão difícil de falar, não é? Ainda mais quando se está num tratamento de um câncer (sei que ele não está mais aqui, que só estou usando o Herceptin para evitar que ele volte, blablabla...), mas alguém precisa falar... Bem, vou falar sobre a morte.

     Mas aonde eu estava com a cabeça ao resolver abordar esse assunto? Por que vamos falar de coisas ruins, quando se tem que ter pensamentos positivos, pensar em coisas legais, em flores no campo, filhotes de cachorro correndo, famílias felizes em anúncios de margarina? Porque ela está aí. Do lado de todos nós, mas muita gente finge que não vê... Ela só acontece com o outro. Ela só acontece na família ao lado, ela só acontece com quem tem essa doença, ou aquela, ou ainda com quem não se cuida, com quem fuma, com quem é obeso, com quem é sedentário... Não, comigo, não. Nunca!

     E fui percebendo que o medo de encarar a morte, o medo dela estar rondando, mesmo quando você sabe que ela não está tão perto assim (apesar de muitas pessoas ainda associarem o câncer à morte!), faz com que as pessoas ou se afastem, ou tenham olhar de pena, ou pensem que esse azar é só nosso, só a gente ficou doente. Parece que a morte só ronda a gente. Os outros são imortais. Não sei se vocês lidaram com isso diretamente, mas espero que esse post sirva para a gente não achar que vamos morrer, uhuuu, que maneiro, mas sim, para alertar as pessoas que a morte existe, sim, que ela acontecerá para todos (segundo todas as pesquisas 100% dos americanos - e todos nós ao redor do mundo - iremos morrer) e que quem está com câncer não está com o testamento pronto, com o horário do São João Batista reservado, muito menos com a missa de 7o dia marcada.

    Fuui amarga, fui azeda, foi mal aí. Mas, aprendi mais uma lição com isso tudo: não guardo mais nada dentro de mim. Não porque "dê câncer", mas porque faz mal mesmo. Moral da história: Para morrer, basta estar vivo. E eu espero continuar ainda muito tempo por aqui. E que todas nós também. Felizes, aproveitando cada dia mais, com cada vez mais prazer e sempre pensando mais no próximo. Beijos e um ótimo final de semana.

P.S. sem foto por hoje, de luto mesmo, pelo sentimento dos outros.

9 comentários:

  1. é amiga, a finitude do ser humano é a unica certeza da vida, mesmo assim, ha pessoas que são imunes a ela, pobres mortais... e quer saber? acho que depois desse perrengue, acabos sendo previlegiadas, pq aprendemos a dar muito mais valor a vida, a aproveitar a felicidade em tudo, desde as pequenas coisas... e somos muito mais felizes, pq cada dia de vida a nós é um presente de Deus.

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    1. A gente aprende a ver a beleza das coisas. De todas as coisas, mesmo as mais pequenas, não é? Só me estresso com o que realmente importa. A gente cresce muito nesse processo todo... :)

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  2. Eu acho que estou entendendo bem o que você está querendo dizer.

    Minha filha vivia dizendo durante o tempo que eu tava em surto por causa da doença. Mãe, tu age como se tivesse imune a qualquer morte para qualquer coisa e parece que tu é a única pessoa do mundo que pode morrer só de câncer. Somente o câncer pode te matar, mais nada.

    Antes da doença eu gostava de discutir vários assuntos e a morte era um deles. depois, meus conhecidos praticamente me proibiram de tratar sobre o tema e eu achei um absurdo pois como é que eles podiam falar e eu não.

    Talvez esse texto possa chocar apenas aos desinformados e preconceituosos. Exatamente aqueles que acham que câncer é sentença de morte, mas a nós que mesmo tendo o medo natural dessa porcaria de doença, não choca não. E que saco quando parentes ou amigos olham para a gente como se só nós fôssemos mortais e eles imortais. Não tenho paciência com essa gente não, Marina. Já vou é me afastando direto e me aproximando somente de quem me faz bem.

    Eu sigo falando naturalmente sobre a morte em geral ( só não falo sobre a doença em blog porque não sei falar e choco demais as pessoas ) e se serviu para uma coisa essa doença, que tive, foi para diminuir meu pavor pela morte dos outros e para me mostrar que não sou imortal ( como muitos que não tem a doença pensam que são) e tenho que viver intensamente meus momentos sem ficar projetando um futuro muito distante. Pois se pensarmos bem o futuro é incerto para todos os habitantes do planeta, com ou sem doença.

    No mais, seja amarga, seja azeda mas não guarda nadinha dentro de ti.

    Beijos e ótimo fim de semana!

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    1. Depois dos comentários, percebi que esse post realmente atingiu quem passa ou já passou por isso. Só quem lida com isso diretamente entende o que a gente quer dizer, o que passamos. E fiz isso que você falou: me afastei dos males (e malas!). E como isso faz bem! E nada de guardar nada! Muitos beijos!

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  3. Marina, este é realmente um assunto que as pessoas, em geral, evitam. Por medo ou seja lá o que for. Só sei que é necessário apenas por fazer parte da vida da todos os mortais! E gostei de você tê-lo colocado aqui desta maneira...sempre aprendemos, amiga!!! Gosto de saber que estás bem, e continue escrevendo, tá?
    Beijos e abraços da amiga - prima de coração, Marcia

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    1. Oie! Saudades de você por aqui! Estou aprendendo até isso com essa doença: colocar o que sinto para fora, mesmo que não seja o que os outros querem ouvir. E assim a gente vai crescendo e evoluindo! Quanto a escrever, às vezes desanimo, parecem que as ideias não aparecem, mas a vontade de colocar tudo para fora tem vencido! :) mil beijos!

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  4. Marina,
    Você colocou em palavras o sentimento que muitas de nós, inclusive eu, estamos sentindo.
    É a famosa espada pendendo sobre nossas cabeças.
    Mas mostramos que somos guerreiras, que podemos SIM vencer o câncer e sermos felizes. Se vamos ter câncer de novo? Só Deus sabe... E enquanto isso... Vamos vivendo e tentando sermos felizes.
    Beijos

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    1. A gente pode isso e muito mais. Muitas vezes paro e penso que se eu soubesse que isso tudo ia acontecer, jamais acharia que iria aguentar. E estamos aguentando! E bem, na medida do possível, né?
      Aprendemos muito! Evoluímos mais ainda! E vamos continuar assim... :) E cada vez mais felizes! Mesmo com as pequenas coisas! Mil beijos!

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  5. Amiga, olha a verdade é que todos nós, tenhamos ou não passado pela experiência de um câncer, somos pacientes terminais. Permita-se viver o agora. Como já dizia o divino Jesus Cristo: BASTA A CADA DIA O SEU MAL!

    Também fiz um blog. Ele está sendo um Tao para mim. Gostaria de compartilhar com outras companheiras, por isso vou deixar meu endereço aqui:

    http://guerreandonasestrelas.blogspot.com.br/

    Bjs carinhosos e fique bem!

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